Não é de hoje que a autopublicação se tornou uma das formas mais efetivas de ganhar dinheiro como autor, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. As grandes editoras, com suas porcentagens irrisórias para os autores, acabaram perdendo o tudo o que as tornava especiais: logística, praticidade e qualidade. Hoje em dia, é possível obter tudo isso por conta própria, de forma mais barata e garantida.

Por exemplo, enquanto a maior parte das editoras oferece algo entre 5% e 10% de lucro para os autores, sites como a Amazon oferecem até 75% dos royalties do seu livro. E ainda existe a vantagem de que você pode publicar automaticamente, sem intermediários, e já começar a lucrar. Tudo o que você precisa é de um mínimo de estratégia, planejamento e de uma visão clara de futuro.

Como começar a ganhar seus primeiros tostões, vai entender que, apesar de não ser simples, este caminho também não é tão complicado quanto parece. O Brasil não tem a quantidade ideal de leitores que deveria, mas ainda tem muita gente interessada em bons livros e conteúdos realmente relevantes. Cabe a você encontrar estes leitores.

Outro detalhe importante é abster-se de comparações. Muitas vezes, somos impelidos a comparar o nosso sucesso com o de grandes autores e a pensar que estamos fazendo as coisas do jeito errado. Mas você nunca deve pensar assim. Ninguém precisa de milhões de dólares para ser um autor de sucesso.

Pense em quanto você ganha hoje em dia, com o seu trabalho convencional. Se conseguisse ganhar a mesma quantidade com seus livros, você seria mais feliz, não é mesmo? Então comece com essa meta.

E enquanto você trabalha para alcançar este objetivo, concentre-se em produzir melhor livro possível, aquele que as pessoas vão querer ler. Neste artigo eu vou te dar cinco dicas práticas para te ajudar a começar a ganhar dinheiro como autor.

01. Escreva pensando no mercado

Muitos autores novatos cometem o erro infantil de escrever apenas o que querem, mas se esquecer do que o leitor (e o mercado) querem. Isso não quer dizer que você deve mudar toda a sua escrita para se adaptar ao mundo, mas o contrário também é verdadeiro: o mundo também não vai se adaptar aos seus gostos. Você precisa encontrar um equilibro entre as suas ideias e os anseios do mercado.

Comece seu trabalho tentando identificar quem é o seu público-alvo. Esse é o passo inicial básico para qualquer negócio que vise lucro e, a partir de hoje, você precisa encarar a sua escrita com um negócio lucrativo. Existem alguns passos para chegar neste público, o seu “leitor ideal”, mas eu vou abordar isso em outro artigo. Confira apenas algumas dicas básicas.

Busque em sites, fóruns e grupos por livros semelhantes ao que você está escrevendo. Então analise a forma como os leitores destes locais se comportam em relação a esses livros. Do que eles gostam e do que não gostam nas histórias? Observe os reviews e as críticas publicadas. Elas não devem ser a base sólida da sua história, mas podem tem ajudar a ter um norte sobre o que fazer e o que não fazer.

Se muitos leitores estiverem publicando coisas como “odiei o final pessimista deste livro” ou “o final ficou muito confuso”, isto deve soar como um indício de que, talvez, este público não esteja preparado para finais mirabolantes. Neste caso, o básico pode ser a melhor alternativa.

Outra opção é pesquisar sobre os livros parecidos com o seu no Twitter e no Instagram. As postagens publicadas nas redes podem ser brutalmente mais cruéis, mas também dirão o que a maior parte dos leitores realmente pensa. Isso também pode te ajudar a medir a popularidade de uma obra.

Por fim, acompanhe as listas de mais vendidos no Brasil. Você pode conseguir essa lista no site da PublishNews, uma publicação nacional especializada no mercado editorial. Inclusive, se você ainda não conhecia este portal, sugiro que acompanhe as publicações, porque elas abrirão sua cabeça para o mercado.

02. Invista na edição profissional e no design do livro

Autopublicar não significa que você mesmo precisa fazer tudo. Muito pelo contrário. Se você não é designer, deve delegar essa função para algum capacitado. Esqueça aquele ditado popular “não compre um livro pela capa”. Na vida real, as pessoas COMPRAM os livros pela capa. Principalmente na internet, onde isso é tudo o que elas tem. Se o seu design de capa não for profissional e não fazer jus à sua obra, as pessoas simplesmente não vão comprar.

Eu já vi livros de fantasia utilizando imagens dos filmes do Senhor dos Anéis em sua capa. Além de ser um crime, isso também é uma burrice. Pode confundir o leitor ou deixar bem claro que a obra é amadora.

O trabalho de design editorial é muito mais profundo do que escolher uma foto bonita e uma fonte agradável. Um bom designer será capaz de transmitir os sentimentos que sua história passa através da tipografia, das imagens, sejam elas ilustrações ou fotos, das cores, do contraste e de muitos outros elementos.

Outro ponto importante é a edição, um processo que vai muito além e corrigir os erros de gramática. Atuei como editor por alguns anos e, ainda assim, não consigo editar meus próprios livros. Essa é uma tarefa quase impossível, para ser sincero. Quando escrevemos um livro, acabamos viciados na história e isso nos impede de ver os defeitos. É por isso que você precisa que outra pessoa analise seu trabalho.

Há grandes editores freelancers no Brasil e eu recomendo a Claudia Lemes, uma profissional com muita experiência. Eu já fiz alguns cursos com ela e posso atestar a competência. A Claudia, inclusive, é a fundadora da Aberst, a Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror. Se ainda não conhece, sugiro que procure mais informações sobre esta associação, porque ela pode ser muito útil.

03. Publique vários livros

A matemática é básica. Quanto mais livros você publicar, mais chances terá de vender e mais dinheiro poderá ganhar. Se você não é milionário, não pode se limitar a um livro a cada três ou quatro anos. Pelo contrário. Deve lançar um ou mais livros por ano, ou seus leitores se esquecerão de você. Vivemos em um mundo onde as coisas vem em vão num ritmo acelerado. Manter-se relevante é muito difícil.

Com uma série de livros, o trabalho de fisgar o leitor para seu universo fica mais fácil. Pense em livros que já fizeram isso, como Harry Potter, Percy Jackson, Jogos Vorazes, 50 Tons de Cinza e muitos outros. Você também pode criar séries em que os personagens variam, mas que seguem um mesmo mote. É o caso da clássica Goosebumps, criada por R. L. Stine, e que já tem mais de 230 livros.

Então, mesmo que você ainda esteja escrevendo seu primeiro livro, pode ser um bom momento para começar a planejar uma possível série. Para isso, considere o seguinte:

  • Pense no que pode acontecer com o seu protagonista depois dos eventos do primeiro livro. Tudo pode desencadear um desafio ainda maior;
  • Expanda a história, mas tente não soar forçado. Uma boa ideia é considerar que a história do primeiro livro foi só um estágio inicial para um evento realmente maior e mais perigoso;
  • Considere mudar o protagonista do seu livro: transforme o vilão no herói ou o herói no vilão;
  • Você pode escrever uma nova história história no mesmo universo utilizando os personagens secundários do primeiro livro (popularmente chamada de spin off);
  • Você pode criar uma história totalmente nova, mas que ainda se passa no mesmo universo. Pode se passar anos, séculos, milênios antes ou depois da história original. Mesmo sendo tecnicamente uma nova série, o fato de ser interligada pode atrair os leitores dos livros originais.

Se você escreve livros de não ficção, eu também tenho algumas dicas:

  • Existe algo a mais para ser dito sobre este mesmo assunto? Se sim, lance outro livro como sendo o segundo volume;
  • Existe uma nova área dentro do mesmo assunto que foi descoberta recentemente ou que você não teve tempo de abordar no primeiro livro? Transforme-a no assunto principal do próximo livro;
  • Qual é o próximo passo para o aprendizado depois que o leitor já sabe o que você ensinou? Pense no seu próprio processo de aprendizado. Por exemplo: se o seu primeiro livro foi sobre como abrir uma empresa, o segundo pode ser sobre como expandir os negócios de uma empresa;
  • Descubra o que mais os seus leitores querem saber. Realizar pesquisas ou enquetes pode ser uma boa fonte de assuntos para o seu próximo livro. Se você é jornalista e escreveu sobre um crime, pode querer escrever outros livros sobre outros crimes que despertam interesses no público.

04. Ofereça serviços relacionados ao livro

Eu já disse neste artigo que os livros são apenas uma das formas que um escritor tem de ganhar dinheiro. Há outras fontes de renda que, em alguns casos, se tornam muito mais lucrativas do que os livros em si. Mas, neste tópico, vou falar de algumas formas de ganhar dinheiro com temas baseados no seu livro. Essa dica funciona muito bem para autores de não ficção, mas também cai como uma luva para autores de ficção. Continue lendo e você vai entender do que eu estou falando.

Coaching e consultoria

O termo coaching anda meio queimado, mas ele até que tem seus méritos. Se você é um arquiteto e escreveu um livro sobre como desenhar casas mais bonitas utilizando um software específico, pode desenvolver um serviço de coaching ou de consultoria para outros arquitetos e empresas que querem ir além do conteúdo do livro. Esse tipo de serviço pode até mesmo alavancar o seu status e a sua autoridade sobre o tema.

Cursos e seminários

Cursos e seminários, sejam eles presenciais ou físicos, individuais ou em grupo, são excelentes fontes de renda para escritores. Ainda pensando no exemplo anterior, do arquiteto, você pode usar seu livro como base para desenvolver um curso completo online, que pode te render muito dinheiro. Nesse caso, você pode usar seu próprio livro como material didático.

Ghostwriting

Já falei sobre esse serviço neste artigo, mas vou reforçar porque é uma área realmente lucrativa e com muita demanda. As pessoas pagam caro para quem se dispõe a fazer o trabalho pesado por elas. Mas é importante que você saiba que este trabalho não gera nenhum reconhecimento, uma vez que o ghostwriter (escritor fantasma, em tradução literal) produz conteúdos específicos em nome de outras pessoas ou organizações.

Ou seja: você escreve, mas assina como se fosse outra pessoa. Grandes sucessos do meio editorial, principalmente autobiografia de artistas, foram, na verdade, escritos ghostwriters.

05. Nunca pare de escrever (e de aprender)

Já te disse várias vezes que (infelizmente) não existe uma fórmula secreta para se tornar um escritor de sucessor. Ate porque a própria noção de sucesso é relativa. Mas existe uma coisa que todos os autores realizados têm um comum: eles se esforçam muito e nunca param nem de aprender e nem de escrever.

Até hoje há obras inéditas de Tolkien sendo lançadas, pelo tanto de textos que ele escreveu ao longo de sua vida. Stephen King, que já é multimilionário, lança um ou mais livros todos os anos, desde que se tornou um escritor profissional. É claro que você não precisa escrever num ritmo frenético, mas deve seguir a frase que já se tornou meu mote pessoal: escritores escrevem.

Inspire-se nos grandes autores, mas desenvolva sua própria rotina de escrita e de estudos. Escreva com a maior frequência possível. Escreva todos os dias, se puder. Pode levar semanas, meses ou até mesmo anos, mas, se você não se auto sabotar, pode ganhar a vida como escritor. E, quem sabe, não seja um dos próximos best sellers mundiais. Eu torço por você.

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Sobre o Autor

Matheus Prado
Matheus Prado

Matheus é jornalista, escritor e cineasta. Acredita que a vida é um oceano profundo e que devemos nos aventurar muito além da superfície.