Quando comecei a escrever, acreditava que eu tinha um “dom” para a escrita. Acreditava que não precisaria passar horas e mais horas estudando, porque já tinha o básico para me tornar um grande escritor: eu tinha boas ideias e sabia escrever relativamente bem.

O tempo passou e, obviamente, a realidade explodiu na minha cara: escrever bem é só uma parte (bem pequena, na verdade) do processo de se tornar um escritor. E ter boas ideias, como já te disse antes, não representa absolutamente nada nessa jornada.

Todo o resto pode ser resumido em uma única coisa: trabalho duro.

Escrever requer muita prática. Muita, muita, muita, muita prática. Não adianta escrever um único livro e já acreditar que se é o novo Tolkien ou a nova J.K. Rowling. Nada é mais longe da realidade.

Por acaso um pianista se torna um bom músico apenas tendo boas ideias? NÃO! Ele precisa de anos de treino para se aprimorar, aprender novas técnicas, teorias, ritmos e harmonias. E, ainda assim, haverá centenas ou milhares de músicos melhores do que ele, disputando uma vaga onde quer que ele queira tocar.

A parte boa desta história é que, hoje em dia, a maior parte dos aspirantes a escritores já se tocaram do fato de que, sem trabalho duro, não há resultado. E sem estudo, não há evolução. Se você chegou até aqui, é porque também pensa assim. Então, parabéns! Você está certo.

As cinco habilidades do escritor

Todo escritor, seja ele um autor de histórias de ficção, um jornalista, um copywriter, um redator freelancer ou uma mistura de todos esses, precisa desenvolver cinco habilidades específicas. É claro que cada um pode desenvolver mais ou menos cada uma destas habilidades, mas é importante estudá-las com afinco.

Porém, não vá com sede demais ao pote. Concentre-se em cada um delas por um período e só então parta para a próximo. Isso é importante para que os assuntos não se confundam na sua cabeça e o estudo não se transforme em um novo problema.

Embora haja vários artigos sobre cada uma das habilidades neste site (e eu continue atualizando com frequência), sugiro que você não se limite. Há vários livros, cursos e até mesmo canais do YouTube sobre cada um dos temas. O importante é não deixar a mente enferrujar.

Habilidade $01 – Estruturar suas histórias

Grandes autores já disseram que não estrutura seus textos e isso cria o estigma de que é só sentar e começar a escrever. Sentar e escrever, de fato, é importante, mas você precisa colocar a casa em ordem primeiro. Principalmente se estiver começando agora e nunca concluiu uma história longa.

Estruturar é o mesmo que planejar. A grosso modo, você deve escrever um resumo e saber o que via acontecer em sua história antes de começar a escreve-la. Não importa o gênero. Vale até mesmo para artigos em blog. Quanto mais você sabe sobre o texto, mais fácil ele vai fugir da sua cabeça.

Mas também é preciso cuidado para não inverter a situação. O excesso de planejamento é um dos grandes causadores de desistência dos autores iniciantes. Isso porque eles passam anos planejando e estruturando suas histórias, mas nunca escrevem nada. Eu sofro muito com isso, infelizmente.

Habilidade $02 – Criar pontos de vista

A dúvida mais comum de praticamente todos os autores iniciantes é uma só: eu devo escrever minha história em primeira, segunda ou terceira pessoa? Não é pra menos. Isto que chamamos de Ponto de Vista do autor é um recurso que pode salvar ou destruir uma história, por melhor que ela seja.

Há livros que misturam estes conceitos, com capítulos em primeira pessoa (EU) e outros em terceira (ELE). Há alguns, muito experimentais, que usam a segunda pessoa (VOCÊ) e isso gera conflitos interessantes.

A principal dica neste caso é saber o que você quer com a sua história. Onde você quer chegar e que ideias quer transmitir. Este é o principal (mas não o único) elemento de decisão para a escolha do ponto de vista.

Habilidade $03 – Desenvolver os diálogos

Recentemente, escrevi um artigo que gerou uma ótima repercussão, falando sobre as seis funções básicas do diálogo. E preciso repetir aqui o disse lá: bons diálogos podem salvar qualquer obra.

Você pode duvidar de tudo o que eu já disse até hoje, mas não duvide disso. Afinal, mesmo que você seja o mestre das descrições, mesmo que construa uma trama complexa e cheia de personagens interessantes, se seus diálogos forem fracos ou artificiais, ninguém sentirá empatia pela sua obra.

É óbvio que bons autores podem criar histórias primorosas sem uma única linha de diálogo, mas achar que você é um deles em seu primeiro livro (além de arrogante) é um tanto quanto arriscado. Escrever exige prática. É um jogo, com muitas tentativas e muitos – muitos mesmo – erros.

A primeira coisa que você precisa saber sobre diálogos é que eles não são uma conversa tradicional, como a que estamos acostumados a ter.

Habilidade $04 – Gerar emoções

Lembre-se daquele conselho batido (mas verdadeiro) que sempre ouvimos: o escritor precisa mostrar, não contar. Mas… Por que? A resposta é simples. Quando você mostra, faz com que o leitor entre na história e sinta as mesmas emoções que o personagem.

E essa é a palavra chave: emoção.

As pessoas leem livros porque querem se emocionar. Querem sentir medo, alegria, tristeza, raiva, desespero e prazer. Querem sentir coisas que nunca sentiram ou coisas que não conseguem sentir de outra forma.

Não seja cético. É puramente possível despertar emoções profundas com algumas linhas de texto em um romance. É por isso que ”Cinquenta Tons de Cinza” fez tanto sucesso, goste você ou não.

Habilidade $05 – Criar Plot Twist

Se tem uma coisa que você nunca ouvirá de um leitor é: “o final dessa história foi tão previsível, mas eu adorei”. E eu nem preciso explicar o motivo, não é mesmo? As pessoas querem ser surpreendidas. Elas leem livros justamente para vivenciarem experiencias novas, para se emocionarem. Quando falamos de um thriller, então, a surpresa torna-se um item obrigatório.

Na literatura, a surpresa funciona como se fosse a recompensa para o leitor que decide encarar a árdua tarefa de ler um romance. Quando alguém começa a ler um livro, imediatamente ela espera ser surpreendida em algum momento, seja pelo plot inovador, seja pelo final inesperado.

E quando a surpresa acontece através de um plot twist bem construído, a coisa fica ainda melhor.

Conclusão

Escrever é um trabalho árduo e você precisa praticar todos os dias, não importa o quão bom você seja… ou pense que é. Tenha em mente que os leitores sempre serão capazes de identificar um bom escritor, com bagagem cultural e técnica, e um escritor medíocre, porque isso ficará explícito no texto.

Isso também não quer dizer que você precisa ficar bitolado com a ideia de aprender cada vez mais antes de começar a escrever. A melhor maneira de aprender é escrever sem parar e errar muito. E, entre um escrita e outra, ler algumas coisas que outros autores já escreveram.

Então é isso aí. Obrigado pela visita e boa escrita. 😀

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Sobre o Autor

Matheus Prado
Matheus Prado

Matheus é jornalista, escritor e cineasta. Acredita que a vida é um oceano profundo e que devemos nos aventurar muito além da superfície.