Ontem foram anunciados os vencedores do Prêmio Nobel de Física deste ano. E a edição é especial, porque, dentre os três vencedores, há uma mulher. Ela é canadense e se chama Donna Strickland. Não é comum ver mulheres ganhando o Prêmio Nobel. Apenas outras 17 mulheres ganharam antes dela.

Donna Strickland é a primeira mulher homenageada pelo Nobel em todas as áreas em três anos (Peter Power/Reuters)
Donna Strickland é a primeira mulher homenageada pelo Nobel em todas as áreas em três anos (Peter Power/Reuters)

A primeira ganhadora foi Marie Curie, há mais de cem anos. Curie foi a primeira pessoa e a única mulher a ganhar o prêmio duas vezes.

Mas, apesar da importância desse fato, não é sobre isso que eu vim falar. O fato que chama a atenção é outro. Junto com o francês Gérard Mourou e o americano Arthur Ashkin, Donna desenvolveu “invenções no campo da física a laser”.

É isso que a nota diz. Mas o que quer dizer “invenções no campo da física a laser”? Não faço ideia. Não sei nem o que quer dizer “invenções no campo da física sem laser”. Escolhi jornalismo porque não entendo nada de física, nem de química e nem de matemática.

Caso você não saiba, o Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel. Nenhum deles. Nem de Física, nem de Química e muito menos o da Paz. E o que dizer do de Economia então? Jamais ganharemos. Mas, porque?

Nosso sistema de ensino está sucateado. E nossa atenção no ensino está focada no lado errado da coisa. Tem muita gente preocupada com faculdade publica, que na maior parte dos casos é só forma mais professores de faculdade pública, que não movimentam absolutamente nada na vida real. É um ciclo vicioso.

Enquanto isso, as escolas básicas e primárias estão completamente abandonadas. As crianças se formam sem saber o básico para viver em sociedade. Sem conhecimentos de interpretação de texto. Sem conhecer nossa história.

E uma árvore que não foi regada jamais crescerá e jamais dará frutos.

Não digo que o Brasil já gerou ganhadores do Prêmio Nobel porque os brasileiros são todos burros. Isso sim é que seria burrice. O que acontece é bem pior. Há um total descaso em todas as esferas com relação ao conhecimento científico do país. É só lembrar o museu destruído há um mês.

As pessoas não se importam com ciência. As pessoas não se importam com nada que elas não possam ver e tocar. Mas foi a ciência que nos trouxe absolutamente tudo que usamos hoje em dia.

E é esse descaso que faz com que nunca mais tenhamos visto em nosso país homens como Santos Dumont. E se a coisa não mudar, continuaremos sendo a nação que tem absolutamente tudo nas mãos, mas que não consegue descobrir o que fazer com o que tem.

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Sobre o Autor

Matheus Prado
Matheus Prado

Matheus é jornalista, escritor e cineasta. Acredita que a vida é um oceano profundo e que devemos nos aventurar muito além da superfície.